quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mulheres-Sanduíches, O Consumo Mediado



Por Giovani Barros e Mariana Ramos

 
Quando a gente pensou em um projeto para Sociologia da Comunicação II, logo nos veio a mente a imagem das mulheres-sanduíche. Homens-sanduíche (ou homem-placa, assim no masculino mesmo) é o termo que a gente costuma ouvir quando para se referir àquelas pessoas que ficam com placas em seu corpo, paradas na calçada, fazendo propaganda. No começo, só se encontrava (ou se percebia) anúncios de “Vendo/Compro Ouro” e similares. Mas atualmente, a gama de empresas que utilizam dessa estratégia se diversificou (é importante ressaltar que estas empresas geralmente atuam no setor de varejo). Agora existe placa pra tudo! A maioria deles só anuncia com as próprias placas mesmo, é raro ouvir um desses gritando e/ou anunciando o produto. Dessa forma, decidimos focar nosso trabalho nas mulheres que desempenham esse tipo de atividade. Estávamos interessados em realmente ver (e não somente olhar) essas mulheres, encontrar o que cada uma delas tinha de diferente: iríamos perguntar sobre moda, televisão, trabalho e outros assuntos que achávamos plausíveis para o entendimento de suas identidades.

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Por Bárbara Defanti.

Uma situação rotineira se apresentou ao acaso como um intrigante objeto de estudo. Todos os dias minha avó assiste compenetrada o canal de câmeras do nosso prédio e eu nunca tinha parado pra pensar o quanto um essa ferramenta de segurança pode resultar em diferentes situações de controle. A vigilância dela com a câmera acabou sendo a minha com ela pra realizar o curta-metragem, e só assim percebi que a experiência cotidiana de Dona Maria José e todos os personagens que envolvem a vivência dela tornou-se simulada, mediada por aquelas cenas em preto e branco. Claro e diário exemplo da ideologia de Guy Debord e seu espetáculo, representadas pelos moradores de um edifício não muito movimentado.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Trabalho da disciplina de Soc. e Com. II


Temos postado aqui os excelentes trabalhos realizados na disciplina de Sociologia e Comunicação II (obrigada, monitores, pelo trabalho árduo de postar todos os trabalhos). Agora, indicamos as monografias produzidas também nesta disciplina, todas muito recomendadas. Estão todas armazenadas no site do GRECOS, e podem ser baixadas. A seguir, a lista com nome do alunos e tema das monografias. E boa leitura para todos:

Entrevista com Bauman (em espanhol)


How to spend it.... Cómo gastarlo. Ese es el nombre de un suplemento del diario británico Financial Times. Ricos y poderosos lo leen para saber qué hacer con el dinero que les sobra. Constituyen una pequeña parte de un mundo distanciado por una frontera infranqueable. En ese suplemento alguien escribió que en un mundo en el que "cualquiera" se puede permitir un auto de lujo, aquellos que apuntan realmente alto "no tienen otra opción que ir a por uno mejor..." Esta cosmovisión le sirvió a Zygmunt Bauman para teorizar sobre cuestiones imprescindibles y así intentar comprender esta era. La idea de felicidad, el mundo que está resurgiendo después de la crisis, seguridad versus libertad, son algunas de sus preocupaciones actuales y que explica en sus recientes libros: Múltiples culturas, una sola humanidad (Katz editores) y El arte de la vida (Paidós). "No es posible ser realmente libre si no se tiene seguridad, y la verdadera seguridad implica a su vez la libertad", sostiene desde Inglaterra por escrito.
Bauman nació en Polonia pero se fue expulsado por el antisemitismo en los 50 y recaló en los 60 en Gran Bretaña. Hoy es profesor emérito de la Universidad de Leeds. Estudió las estratificaciones sociales y las relacionó con el desarrollo del movimiento obrero. Después analizó y criticó la modernidad y dio un diagnóstico pesimista de la sociedad. Ya en los 90 teorizó acerca de un modo diferente de enfocar el debate cuestionador sobre la modernidad. Ya no se trata de modernidad versus posmodernidad sino del pasaje de una modernidad "sólida" hacia otra "líquida". Al mismo tiempo y hasta el presente se ocupó de la convivencia de los "diferentes", los "residuos humanos" de la globalización: emigrantes, refugiados, parias, pobres todos. Sobre este mundo cruel y desigual versó este diálogo con Bauman.


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sábado, 18 de julho de 2009

Análise sobre 'The Fear' de Lily Alen



Por Bruno Roger e Rodrigo Morelato


Introdução:

Neste pequeno trabalho, nos propomos à análise de um produto da indústria cultural – a saber, o videoclipe da música “The Fear” (2009), de autoria da cantora e compositora britânica Lily Allen.
Fazemos, desde já, ressalvas quando aos empecilhos por nós encontrados ao longo da análise – como os possíveis problemas de tradução e interpretação da letra; a falta de um conhecimento mais vasto acerca da linguagem e da história do videoclipe; a questão da projeção subjetiva (tomada aqui num sentido reflexivo, ou seja, que, na decodificação de bens culturais, recorremos a um repertório adquirido via nossa experiência de vida).
Esses empecilhos nada mais são, na verdade, do que o resultado da ausência do horizonte de referências segundo o qual tal bem cultural foi produzido. Acreditamos, como afirma Pierre Bourdieu acerca da imigração de idéias, que “(...) as situações de ‘imigração’ impõem com uma força especial que se torne visível o horizonte de referência o qual (...) pode permanecer em estado implícito”. (Sobre o Poder Simbólico, p. 7).


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Brinquedos pra eles e pra elas

Trabalho final de Sociologia II de Renato Reder.



 
As diferenças relacionadas aos sexos masculino e feminino estão absolutamente presentes em nossa sociedade. Sexo é biológico, mas os papéis designados a ele, expectativas de comportamento, divisão de tarefas e jogos de poder são todas construções sociais.
A educação de meninos e meninas se diferencia desde muito cedo, e cabe à criança assimilar as informações referentes ao seu gênero, construir significações e organizá-las a fim de reproduzir estereótipos e padrões sociais. O princípio gerador de nossas escolhas e de nossa conduta – o habitus, segundo Bourdieu – antecede todas as práticas e é justamente o ambiente familiar, o primeiro espaço onde o habitus começa a ser incorporado seja através da educação, coerção, imitação.
A imagem busca refletir sobre o papel dos brinquedos na incorporação do habitus na infância. Os pais constroem o primeiro ambiente de brinquedos da criança, antes que ela comece a fazer suas escolhas. No nascimento, o quarto das meninas é rosa. O dos meninos, azul. Os brinquedos do universo feminino são ligados à casa, à família, à sensiblidade. Já no masculino estão presentes aos carrinhos, brinquedos que rementem à força, aventura, ao mundo externo e do trabalho.
Será mesmo que elas necessariamente preferem bonecas e eles, carrinhos? Porquê meninos brincando de Barbie e meninas de luta causariam constrangimento ‘aos outros’? Pensar em uma educação mais neutra e menos determinista em relação ao sexo e ao gênero não seria bom?


Disputa Simbólica



Fizemos um site experimental para incentivar a discussão sobre comerciais televisivos. A partir dos conceitos apresentados no curso, criamos categorias de links e um forum. Temos também um e-mail para contato (disputasimbolica@gmail.com) e um canal no youtube, em que favoritamos videos para leitura crítica e hospedamos o video-apresentação do site. O site se chama Sentido em Disputa e o forum Disputa Simbólica. Alunos e alunas do grupo: Francis Carnaúba, Tiago Rubini, Marilia Dias e Thais Dias.

As Múltiplas Identidades dos Sujeitos Pós-modernos


O trabalho Carlos Eduardo, Felipe dos Santos Claudino e Juliana Chalu, pretende pensar e levantar questionamentos em torno da construção da identidade.
O sujeito te a liberdade de se reinventar no mundo, criar sua identidade, desempenhar inúmeros papéis sociais. Vive em construção da identidade contemporânea, na qual “quem você é só faz sentido se você acredita que possa ser outra coisa além de você mesmo”. Sendo assim, vale a pena pensar até onde somos nós mesmos, ou somos produtos dos meios; nossa identidade não é a que domina, se nosso gosto, nosso modo de vestir é realmente nosso....

Panografia: a fotografia pós-moderna



A idéia para o trabalho de Ana Carolina Perdigão surgiu a partir de reflexões levantadas nas aulas de Sociologia e Comunicação II, mais especificamente, no debate sobre Globalização e Pós-Modernidade. Busquei, através desta colagem, trazer de alguma forma essas questões para o campo da arte fotográfica.
Se a fotografia é moderna por essência, é verdade que em tempos de descentramento do tempo-espaço e da disseminação da multiplicidade de discursos, ela corre riscos de perder o seu valor como registro. O homem, sentindo-se desorientado e angustiado com a impossibilidade de estabelecer certezas, perde a crença na máquina capaz de registrar com luz um recorte de visão por ele selecionado. Surge então, e dissemina-se pela internet, uma nova forma de fotografar (ou colar fotografias), a panografia. Ainda que sua ampliação no recorte do tempo-espaço de alguma forma possibilite uma criação de sentido/afetividade facilitada, este não parece ser o intuito da panografia. Sua única verdade é justamente a incapacidade de afirmar-se como completa.

Os comerciais das Sandálias Havaianas


Análise dos comercidas Havainas. Trabalho Final de Matheus Marins Alvares para a disciplina de Sociologia.
A escolha, nos comerciais, de um slogan que generaliza seus espectadores ("havaianas, todo mundo usa") e a série extensa de propagandas das sandálias utilizando basicamente a mesma fórmula, a cada vez com uma celebridade diferente vivendo um contexto variado, em geral sendo uma situação curiosa, mas que poderia ser vivida por qualquer ser humano. O que remete a adoção de uma cultura massificada em seu desenvolvimento, já que o grande atrativo do produto é a ideia de que todos o consomem. Liga, então, no comercial com a situação “todo mundo vive”, a imagem do produto “todo mundo usa” com uma celebridade que se torna um todo mundo pode ser pelas circunstâncias na propaganda de uma sandália que quase todo mundo pode ter.
Seguindo esse raciocínio, podem-se encontrar princípios de generalidade por tratar-se sempre de “todo mundo”, exterioridade por existir independente da vontade individual e coercitividade por agir sobre as consciências individuais, incentivando a agir de determinada maneira. Nota-se, portanto, no comercial uma relação com a ideia de consciência coletiva e com o conceito de fato social, desenvolvidos pelo sociólogo Émile Durkheim, em que as diversas celebridades que protagonizam os comerciais podem ser encaradas como a imagem que representa a maioria, por fazerem, falarem e criarem valores que poderiam ser vivenciados por essa massa, mas que são apresentados apenas por uma celebridade, representando a maioria. Entra então, o uso das sandálias na publicidade com o objetivo de atingir a sociedade e faze-la encarar como um comportamento comum e já estabelecido, estratégia não raramente utilizada em propagandas.

Programa de rádio Qual é o seu estigma?

Programa de rádio realizado por Clarissa Barreira, Lívia Simas, Richard Ruszynski e Thiago Saldanha:




Estigma, segundo os gregos, era o sinal corporal que evidenciava algo sobre o status moral de quem o apresentava. Atualmente, o termo foi expandido e é mais comumente aplicado às desgraças pessoais. Deste modo, a sociedade, por diversos meios, estabelece e caracteriza o “normal” e a partir desses princípios preconcebe categorias. Logo, o estigma é associado a algo depreciativo, um estereótipo que pode, ou não, corresponder ao real.

Através da gravação do programa de rádio “Qual é o seu estigma?”, o grupo buscou exemplificar os casos lidos. Um locutor preconceituoso desafia os seus ouvintes (personagens caricatos), acreditando adivinhar suas características pessoais por informações superficiais dadas. O jogo entre o “estigmatizador” e os “estigmatizados” constitui o fio condutor desta brincadeira que pretende retratar ironicamente a realidade ácida que vivenciamos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Trabalhos Finais de Sociologia - 2009/01

Trabalho apresentado por Júlia Pacheco na disciplina de Sociologia e Comunicação, relacionando noção de indivíduo, mercado publicitário e cultura massificada a partir das teorias de Karl Marx e Émile Durkheim.



A classe dominante, detentora do poder, rica e forte, utiliza especialmente o mercado publicitário para propagar as suas mensagens ideológicas ao resto da sociedade. O objetivo é fazer com que esses indivíduos partilhem dessa ideologia, atendendo aos interesses da classe dominante espontaneamente. Para Karl Marx a ideologia é uma falsa consciência. Essa ideologia tem a capacidade de camuflar os reais interesses da burguesia, aparentando representar ideias gerais referente a todos. As ideias de uma determinada época são também fenômenos de classe: a classe que domina economicamente domina ideologicamente. Os mais poderosos a exercem nas organizações religiosas, nos meios de comunicação em massa, nas escolas; assim, conseguem impor sua visão de mundo.

Coisa Pública e Coisa Privada


Trabalho Final de Sociologia II apresentado por Jônatas Nunes:


"Coisa Pública &X Coisa Privada"

Vivemos em uma sociedade bem mais diversificada e virtual com o desenvolvimento de novas tecnologias (Pós-Modernidade). Procurando trabalhar em cima de uma nova ferramenta da internet, tratando-se de um sistema de trocas de mensagens supercurtas que está virando um fenômeno da grande rede, ou seja, o “twitter”, desenvolveremos uma discussão em relação a conceitos de público e privado juntamente com o desenvolvimento da grande teia mundial.
O século XXI é, sem dúvida, marcado pelo aumento da utilização da internet e consigo um surto também do uso de redes sociais, e podemos citar o twitter como um fenômeno atual da web 2.0, o qual é responsável por uma discussão sobre conceitos do privado e o público. É certo que estes conceitos atualmente, de uma certa forma, estão se confundindo. O mundo interior (mundo íntimo) se exteriorizando em blogs/perfis/facebook/myspace/Orkut/ twitter/ YouTube.
Podemos perceber uma crescente procura de internautas em expor e produzir seus conteúdos, onde muitos colocam suas intimidades em textos/imagens para, literalmente, todo o mundo ver. Num mundo onde a circulação e debates da informação eram principalmente em espaços privados de esfera pública (os cafés), ou seja, a esfera pública era discutida nestes locais privativos. Agora com o advento da internet e seu desenvolvimento, quem tem acesso é capaz de discutir sobre “coisas privadas” num espaço público, na qual expõem seus pontos de vista sobre diversos assuntos e também expõem suas vidas e vidas de terceiros (coisas íntimas). Hoje, parece não haver no mundo virtual, uma vontade de se manter privado, e sim público, pois aparecer é o que importa.
Sabemos que é de interesse público o espaço de livre circulação de ideias, democratização da comunicação, porém no mundo virtual o privado está cada vez mais se tornando obsoleto. Então, podemos dizer que, de certa forma, os “conceitos concretos” de privado e público foram para a “privada”!


Bourdieu, Elias e Bauman no twitter

Como reunir Pierre Bourdieu, Norbert Elias e Zygmunt Bauman nos dias atuais? E mais além, como colocá-los frente a frente numa ampla rede social, interagindo via on-line, debatendo em tempo real e twittando? Peraí, TWITTANDO? É, isso mesmo! Três monstros da Sociologia agora estão no Twitter, a nova febre da internet, e estão juntos, um seguindo o outro, trocando idéias, concordando com suas teorias e se alfinetando também. Agora pare de imaginar e venha logo conferir este encontro histórico, promovido por Flávia Machado, Taiane Cordeiro e Thalita Monnerat.




Trabalhos Finais de Sociologia - 2009/01 - Parte II

Continuando com os trabalhos finais, abaixo segue o de Priscila Mataruna, aluna de Sociologia II.


Fazer parte de uma comunidade referencial pode, sim, restringir nossa visão de mundo. Simplesmente morar numa cidade grande impossibilita que tenhamos uma cosmovisão próxima da realidade e, portanto, vamos vivendo dentro de uma redoma virtual. À medida que crescemos, tudo gira em torno de nós, os pontos turísticos, a publicidade, as melhores oportunidades, as notícias, as novidades do exterior. Crescemos acreditando que todo o mundo é cheio de prédios, ruas com placas e sinais de trânsito por todos os lugares. Basta uma viagem a duas ou três cidades no interior do país para entender que o nosso modo de viver é, na verdade, minoria. E esta ilusão ocorre porque estamos inseridos numa comunidade que é determinada como um espaço social de maior poder diante de outros. Nossa identidade de “pessoas de cidade grande” faz com que nosso capital simbólico seja maior e nossos conceitos de valor, beleza e modernidade sejam copiados nas cidades pequenas, onde as pessoas temem “ficar pra trás” porque foi convencionado que as pessoas que vivem na cidade grande são “superiores”. Por sua vez, reproduzimos modos de vida do exterior, já que a globalização abre as portas para o conhecer o mundo lá fora. Assim, preferimos as capitais mundiais ao nosso estilo próprio e nacional de viver. Eis aí, portanto, uma questão: será que, em todos esses anos, não perdemos a verdadeira identidade nacional - que poderíamos construir juntos com as cidades menores – enquanto impomos dentro de nossa estrutura que o melhor é “civilizar” nossos costumes num contexto globalizado?
As ‘identidades’ flutuam no ar, algumas de nossa própria escolha, mas outras infladas e lançadas pelas pessoas em nossa volta, e é preciso estar em alerta constante para defender as primeiras em relação à últimas” (BAUMAN, Zygmunt. IDENTIDADE, p. 19)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Trabalhos Finais de Sociologia - 2009/01 - Parte I

           

Iniciaremos uma série de postagens com os trabalhos finais apresentados para as disciplinas de Sociologia ministradas no primeiro semestre de 2009. A seguir, a análise feita por Fernanda Pôrto, aluna de Sociologia II, acerca do ícone Michael Jackson baseando-se nas teorias de Zygmunt Bauman.


Por meio deste trabalho, será realizado um panorama entre as pesquisas sociológicas do teórico Zygmunt Bauman e toda a carga de discursos abordados pela mídia a partir da morte do maior ídolo pop norte-americano no último dia 25. O episódio abriu espaço para a multiplicidade de assuntos que cercaram a vida de Michael Jackson, assim como novas teorias surgidas com a sua morte. Espetáculo, intimidade, super exposição, fanatismo, idolatria e conceitos intimidade são alguns dos temas a serem desenvolvidos

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Elias


Norbert Elias (1897 – 1990) foi um pensador alemão, escritor de obras como “O processo civilizador” e “A sociedade dos indivíduos”, enfocado na formação do Estado Moderno e na modernidade como a sociedade dos indivíduos. Concorda com Gramsci ao afirmar que o Estado é mais que uma instituição, mas para ele o Estado é mais que uma relação também, é um processo, como historiador, Elias dá muita importância ao processo histórico, sendo essencial para entender a formação e onde se encontra o Estado. Analisando então por esse viés histórico, percebe-se que essa formação não é um processo linear, mas sim de negociações, rupturas e reviravoltas.
De acordo com Elias, a sociedade passou por um processo civilizador, um processo de normatização, pedagogicamente ensinado por meio dos mecanismos de controle. Há uma mudança nos valores na passagem do período pré-moderno para a modernidade, a “palavra” passa a ter mais força que a “espada” (aspecto claramente exemplificado pelo surgimento da diplomacia na França durante o século XVII), a ordem e a contenção, que simbolizam o ethos burguês racional, prevalece ao ethos guerreiro, do instinto e da natureza.
Os mecanismos de controle social que aparecem nos séculos XVII e XVIII, agiam de fora para dentro, ou seja, da sociedade para o indivíduo, com a imposição de valores por meio de manuais, da “etiqueta” e almanaques, por exemplo. Junto a esses mecanismos exteriores de controle, aparecem no século XIX os mecanismos interiores de controle, o que Elias denomina habitus, que são os valores inseridos e introjetados pelo indivíduo, sendo externado e naturalizado por ele, como exemplo cito o fato das mulheres que não se casavam no século XIX e que eram “punidas” pelas amigas, pelo círculo social de um modo geral, que paravam de se relacionar com essas mulheres por não terem seguido um dos pressupostos da sociedade moderna, a constituição de uma família no modelo burguês, ou seja, já haviam introjetado os novos valores defendidos por essa nova sociedade que se apresentava.
O processo civilizador, segundo Elias, se deu por acaso e pelo projeto racional, levando a uma evolução do Estado, mas sem o caráter evolucionista, pois assim não haveria acaso. Essa evolução, o acaso e o projeto racional levaram a constituição do Estado Moderno e de uma nova forma de viver a subjetividade, uma psicologização do indivíduo, que traria a ideia de personalidade, de singularidade do indivíduo. Tal aspecto é percebido na literatura do século XIX, quando os romancistas passam a compor o psicológico de suas personagens, a subjetividade e personalidade das mesmas. Para Elias, não foi a configuração do Estado Moderno que transformou os indivíduos, primeiro houve o desejo, uma mudança na mentalidade dos indivíduos que então aceitaram e legitimaram o Estado que ascendia. Em outras palavras, o Estado se manteve porque o ethos burguês havia sido introjetado pelos indivíduos.
O Estado Moderno, no pensamento de Elias, possui características como a divisão entre classes, a especialização das funções sociais, a classe média aparecendo entre as classes altas e baixas, a reorganização total do tecido social e os mecanismos de controle e auto-controle. Esse último traz um aspecto central no processo histórico da modernidade: a vergonha. Segundo Elias, diferentes estratos sociais correspondem a diferentes formas de vergonha, assim relativiza o fato das classes baixas serem sempre as mais alienadas, pois a vergonha é resultado da introjeção de normas, portanto, a classe média possuiria mais “vergonhas” por ter introjetado mais regras, sendo por isso a mais alienada. O Estado passa a ter o monopólio da força, o direito à violência, a vida social é modificada pelos novos valores, há uma progressiva regulamentação de afetos (contenção), a vida passa a ser menos perigosa, mas menos agradável emocionalmente. O campo de batalha, portanto, passa a ser dentro do indivíduo. Por considerar que a sociedade está inserida em um processo, Elias está afirmando que se encontra em aberto, sempre se construindo e se reconfigurando.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O papel da mulher - Max Weber


É indiscutível que as mulheres obtiveram importantes conquistas ao longo do século XX. Se antes elas sequer poderiam escolher com quem se casar, fruto de uma ação tradicional, isto é, costume da época, atualmente elas já estão presentes em boa parte do mercado de trabalho, ocupando, inclusive, cargos de chefia.
Mas, mesmo com esses avanços, ainda há muito que progredir. Os salários dos indivíduos do sexo feminino, em geral, são reduzidos quando comparados aos dos homens com funções similares. Ademais, é comum que as mulheres enfrentem mais de uma jornada de trabalho por dia. Isso por que além da profissão, muitas exercem o papel de dona-de-casa, seja lavando, passando, arrumando, cozinhando etc. Fora essas tarefas, ainda têm que cumprir o papel de mãe – caso tenham de filho -, e o de esposa – se casada.
A essa situação, Weber denomina de ator social, isto é, indivíduos que desempenham papéis que são reconhecidos como sociais. O processo de interação desses atores sociais, gerando significados partilhados, é o que o sociólogo designa de ação social.
Ao descrever as ações sociais, Max Weber as separa em 4 tipos ideais, que como o nome já sugere, não são considerados verdadeiros ou falsos, mas sim válidos ou não-válidos, uma vez que são ideais. Tudo depende da visão subjetiva de quem está fazendo a análise.
Há a ação racional visando um fim; ação racional visando um valor; ação afetiva ou emotiva; e a ação tradicional.
As ações racionais visando um fim - uma meta -, como a visando um valor – uma convicção -, diferenciam-se da ação afetiva pelo fato de que naquelas o indivíduo faz uma análise racional das opções e escolhe o meio mais adequado para se chegar a um objetivo, ao passo que nesta é motivada por impulsos.
Tomemos como exemplo uma empresária que também é casada. Em seu trabalho, ao pensar em expandir seus negócios junto aos demais sócios, estuda plenamente as opções que dispõe para alcançar seu plano. Neste caso, está realizando uma ação racional visando um fim. Por outro lado, quando discute com seu marido por um impulso ciumento, está numa ação emotiva.
Agora, tomemos como ilustração uma mulher religiosa que enfrenta uma gravidez de risco. Ela decide levar a gestação até o fim, tomando uma ação racional visando um valor, isto é, motivada por suas convicções religiosas. Há quem possa declarar que a mesma tomou uma ação tradicional, baseada na tradição de sua crença, o que também é válido.
Com isso, é importante frisar que para haver uma ação social é preciso que haja uma relação social, que nada mais é do que uma relação entre pelo menos duas pessoas, na qual há uma conduta de uma para com a outra, conduta a qual não precisa ser necessariamente recíproca ou mútua, muito menos permanente, assim como as ações sociais, que tampouco são obrigatoriamente permanentes e ainda podem se misturar.